26 de março de 2025

Resenha: Março Maldito (São Paulo/SP - 21/3/2025)

Por: Natália Galvão e Danilo Pacheco

O Carioca Club tremeu no dia 21 de março com a passagem devastadora do festival Março Maldito organizado pela Tumba Produções, que reuniu cinco bandas de peso para uma noite de caos sônico. A promessa de uma celebração do metal negro, thrash e death metal atraiu uma legião de headbangers sedentos por riffs cortantes e vocais guturais, e o evento entregou exatamente isso, com algumas surpresas e momentos memoráveis. O festival transcendeu as fronteiras de São Paulo, atraindo fãs de diversas regiões do Brasil e até mesmo da América Latina, que viajaram para a capital paulista em busca da experiência única que o Março Maldito prometia. O clima era de reencontros, camaradagem e celebração, com velhos amigos se reunindo e novas amizades sendo forjadas em meio à paixão compartilhada pelo metal extremo. Um ponto positivo a ser destacado é que, felizmente, o uso excessivo de celulares não foi um problema, permitindo que a maioria dos presentes se concentrasse na música e na atmosfera do evento, valorizando a experiência de quem realmente queria assistir aos shows.

A noite começou com The Black Spades, uma banda que, com clara inspiração no Venom, entregou um death metal/black metal primário e eficiente. Longe de serem apenas um aquecimento, os riffs sujos e a atitude blasfema da banda prepararam o terreno, esquentando a platéia do Carioca Club e criando a atmosfera perfeita para os shows que se seguiriam. Sua performance, carregada de referências ao Venom, plantou a semente da destruição para o resto da noite do Março Maldito.

Em seguida, o Sacramentum sueco ascendeu ao palco, trazendo sua marca registrada de black metal melódico. A atmosfera densa e sombria criada pela banda foi hipnotizante, com melodias intrincadas entrelaçadas com a ferocidade característica do gênero. A performance foi precisa e apaixonada, demonstrando a experiência e o talento que consagraram o Sacramentum como um nome importante no underground, reverberando pelas paredes do Carioca Club durante o Março Maldito.

O Desaster, diretamente da Alemanha, trouxe a fúria do thrash/black metal para o festival. A banda entregou uma performance visceral e implacável, com riffs rápidos e vocais rasgados que incendiaram a plateia. A energia contagiante do Desaster, no entanto, merecia uma resposta mais efusiva do público presente no Março Maldito.
O Bewitched, outra lenda sueca do black metal, foi um dos grandes destaques da noite. Com sua estética macabra e letras blasfemas, a banda criou um ritual sombrio e envolvente, entregando um setlist recheado de clássicos que incendiaram a platéia. A performance foi carregada de intensidade e teatralidade, com o vocalista Vargher comandando o palco com sua presença imponente e vocais guturais que ecoavam como um chamado do inferno, preenchendo o Carioca Club com uma aura sinistra durante o Março Maldito. O Bewitched foi, sem dúvida, a banda que mais agitou o público até aquele momento.

Finalmente, o momento mais aguardado da noite: Sodom. Os veteranos alemães do thrash metal subiram ao palco com a força de um exército, apresentando um setlist abrangente que incluiu clássicos como "Agent Orange", "Ausgebombt", "Nuclear Winter" e "Sodomy and Lust". A inclusão de faixas como "Shellfire Defense", "The Saw Is the Law" e "Outbreak of Evil" agradou aos fãs mais dedicados, enquanto o cover de "Leave Me in Hell" do Venom adicionou um toque especial à apresentação. Apesar da ausência de músicas dos seus primeiros e brutais álbuns, como "Obsessed by Cruelty" ou "Persecution Mania", a performance do Sodom foi um verdadeiro show de thrash metal, provando que a banda continua relevante e poderosa após décadas de estrada, e o Carioca Club sentiu o peso de cada riff durante o Março Maldito. O público respondeu com histeria, cantando em uníssono, mas, infelizmente, a energia não se traduziu em mosh pits.

Em suma, o festival Março Maldito no Carioca Club foi um sucesso absoluto, reunindo bandas de diferentes vertentes do metal extremo para uma noite de pura brutalidade e celebração da música pesada. E vale aqui um elogio a Tumba Produções, que em meio a tanto amadorismo em produções de shows na cena nacional nos últimos anos, vem entregando sempre eventos de qualidade e com profissionalismo que público e bandas merecem.

Com performances memoráveis e uma atmosfera eletrizante, o evento deixou uma marca indelével na memória dos headbangers presentes, que certamente aguardam ansiosamente a próxima edição. A performance do Sodom, com um setlist bem distribuído entre clássicos e faixas menos óbvias, entregou um show de thrash metal de alta qualidade. O setlist matador do Bewitched, recheado de clássicos que incendiaram a platéia, também merece destaque, assim como a atmosfera sombria e envolvente criada por Sacramentum e Bewitched, e a escolha do The Black Spades para abrir a noite, criando a atmosfera perfeita com sua sonoridade inspirada no Venom. O clima de união e camaradagem entre os fãs, vindos de diversas partes do Brasil e da América Latina, que se reuniram para celebrar o metal extremo, também merece ser lembrado. Se você é fã de metal extremo, este é um festival que você não pode perder! A única ressalva fica para a falta de entrega e energia do público paulista, que não conseguiu apreciar a musicalidade extrema e se entregar de corpo e alma às brutais performances que as bandas mereciam como é comum em cidades do Nordeste e Belo Horizonte. Black, Death e Thrash Metal pedem mosh e animação. 

Texto e fotos por: Natália Galvão e Danilo Pacheco

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